1963

No dia 14 de dezembro de 1963 eu completava 16 anos de idade.

Numa festinha, na casa do Alto Branco, vieram os meus colegas do colégio onde eu cursava, ou acabara de terminar o 1° cientifico.

Eu mesma costurei o tubinho branco, com gola batida, enfeitado por um laço azul marinho com “pois” vermelhos. O cabelo no estilo “coque de mechas”, alto, eriçado e duro de laquê.

Na foto, Pedro Quirino meu irmão (9 anos), Papai (junto de mim de perfil), Braulio (13 anos, por trás de mim), Mamãe, Neuma (minha prima), Tia Odiza com Inês no braço, Tia Nunum e Zé Agra, com quem ela tinha um namoro. Entre Pedro e Papai, quatro colegas de colégio, destacando-se Ney Suassuna de óculos escuros.

Foi um dia ótimo, festa tranquila, sem bebida alcoólica, coisa rara lá em casa…   

 

1994

Em fevereiro de 1994 eu autografava o meu livro “Iniciação a Visão Holística” em Campina Grande, no Encontro para a Nova Consciência.

Usava um dos meus trajes preferidos: saia godê de malha verde escura, blusa colante preta e por cima um colete em patchwork colorido. Na cadeira minha bolsinha redonda de camurça que ainda uso. Os olhos muito pintados como eu gostava tanto.

Ao meu lado minha sobrinha Luana – que hoje é psicóloga em Salvador, me ajudando!

1999

Ainda tenho essa blusa de linho, que me caía muito bem.

A tarde sossegada e calma, o computador, os livros e Everaldo, o gato cinzento, que saiu uma noite e nunca mais voltou.

Papai estava comigo, até falecer em 4 de maio.

Na casa da Neuza Farache.

1969

Meu primeiro biquíni!

O ano era 1969, e fui com meus pais passar o carnaval na Baía da Traição, em Rio Tinto, perto de João Pessoa.

Mamãe não queria permitir o uso do traje porque era imoral e indecente, segundo ela, e porque eu era “uma mulher casada” – embora o casamento já tivesse acabado há bem um ano.

Bati o pé e Papai, moderno, aprovou. E lá fui eu desfilar minha “nudez” na praia quase deserta…

Eu tinha 21 anos e já era mãe de Rômulo, nascido em maio de 1968.

1986

Quadros, plantas, os móveis de vime, e lá dentro um quarto entupido de livros. 

Era assim a minha casa no Conjunto dos Professores da UFRN, na rua Olavo Montenegro, esquina com Manoel Vilar, onde hoje funciona uma lanchonete, ou uma escola, não sei bem.

Uma vizinhança ótima, as crianças andavam de bicicleta na calçada, tinha escola, padaria, cabeleireiro…

Foi um tempo bom.

 

1973

Quarto ano de medicina.

Sentada em um banco no corredor do Hospital das Clínicas, em frente à enfermaria da esquerda, logo após a escada.

Calça e camiseta branca com a bata (hoje se chama jaleco) por cima, chinelos e bolsa de couro de bode ao lado.

Esta bolsa fedia!

Olha o ladrilho hidráulico do piso.

1987

Em dezembro de 1987 eu fui a Campina Grande para lançar o meu primeiro livro: “Bilhetes de Suicida”, meu único livro de poemas.

Animadíssima, dei entrevista a todas as emissoras de rádio e TV, publicaram matéria comigo em todos os jornais e à noite fui para a Livro 7, na Praça da Bandeira, para os autógrafos.

Não apareceu ninguém, somente minha família e a jornalista, a qual eu dei um livro e com quem me deixei fotografar.

Não vendi um livro sequer.

 

 

 

1994

 

Não lembro o ano dessa foto. Talvez 1994. Usei essa fantasia de Pierrô, idealizada, desenhada e costurada por mim para sair na Bandagália.

Era de cetim branco, com meias azuis de “pois” no mesmo tom do laço e enfeites da gola feita de tule.

Prendi o cabelo em coque e alisei com gel.

Durou a noite inteira: maquilage, cabelo e fantasia.

Ficou lindo.

1987

Acho que o ano é 1987 e a foto foi tirada nas comemorações do dia da poesia, 14 de março, no Bar das Bandeiras, no largo da Rua Chile (olhe as bandeiras penduradas no teto!)

Nessa época eu morava no Jiqui e me vestia muito assim: bermudas de lycra- tinha de toda cor- blusinha por fora e tênis sem meia.

A blusa é bordada à mão em tecido rústico e foi comprada nessas feirinhas de artesanato.

1948

Quando eu tinha uns seis meses, Papai, habilidoso com madeira, pegou um caixote de sabão e fez um carrinho para mim, dentro do qual eu podia ficar sentada e mamãe podia me empurrar.

Ela chamava o carrinho de “o 40” em alusão ao Ford anos 40.

Eu também usava um gorro na cabeça para me proteger do sol.