1962

Em 1962, eu comemorava meu aniversário de 15 anos.

O bolo, em forma de ferradura, era para dar sorte.

E tive mesmo muita sorte. Uma vida boa.

Hoje, neste 14 de dezembro de 2020, completo meus 73 anos com a sensação que é um misto de dever cumprido com ainda uns 50% de coisas que faltam fazer.

E essa cara de felicidade, junto com meus livros.

1990

Eu e Alessandra Stewart.

Em 1990 eu morava na casa da Neuza Farache.

Numa noite de dezembro, convidei uns amigos para comemorar meu aniversário e preparei tudo para recebê-los no jardim da frente. Dezembro todo mundo sabe como é: festa em todo canto, e como meu aniversário é no dia 14, sempre há dificuldade de juntar gente nesta data ou perto dela. Principalmente nesse ano, pois a minha festa coincidia com o FESTNATAL/Festival de Cinema e o Carnatal. Ao convidar meu vizinho da frente, Mano Macário, nome artístico de Luiz Antonio Da Silva, ele disse logo que não podia vir, pois ia sair no bloco das Kengas, no Carnatal.

Mano era – e ainda é – um homem muito bonito. Nessa época, estava usando cerrada barba negra e me disse que ia tirar a barba para a caracterização que usaria no bloco, onde ia fazer “uma mocinha”. “Não seja por isso”, eu falei. “Quando sair do bloco, passe aqui, com o visual de mocinha mesmo, que eu terei prazer em lhe receber. Vou inventar para os convidados que estou esperando uma atriz do Festival de Cinema.”

E assim ficamos combinados, as horas passaram, chegou a noite e os convidados começaram a chegar. Eu anunciei que estava esperando a atriz Alessandra Stewart, amiga minha, que estava no elenco do filme “Faca de Dois Gumes”. Falei que tinha conhecido ela no Rio há tempos e que tínhamos ficado muito amigas.

O nome, obviamente, era inventado e não havia atriz com esse nome no elenco do filme. Uma das minhas amigas disse logo: “Ah, eu sei quem é.” E outra perguntou: “Não é aquela que trabalhou no filme Tal?” e eu: “É essa mesma.” E enfeitei a mentira: “Ela passou um tempo nos Estados Unidos e voltou só pra fazer esse filme.” A primeira amiga comentou: “Ela é linda! Muito boa atriz.” E a outra: “Não é ela que teve um caso com Reginaldo Farias?” E eu: “Essa mesma!” Essas minhas duas amigas são daquele tipo que sabem de tudo, viram todos os filmes, leram todos os livros e conhecem tudo – você entende, você deve conhecer gente assim.

E a festa foi correndo e eu alimentando o suspense: “Alessandra está demorando!” E as outras, ansiosas pra conhecer a celebridade: “Mas ela vem?” E eu: “Vem sim, ela prometeu.” E lá pras tantas chega no portão Mano Macário, com um minivestido preto de bolas brancas, peruca arrasadora, sem barba, maquiadíssimo, salto alto, uma verdadeira patricinha. Obviamente, via-se que era um homem vestido de mulher, mas irreconhecível até para os seus amigos, acostumados e a vê-lo com a frondosa barba preta. Quando eu o vi, saí aos gritos: “Alessandra Stewart, quanta honra! Entre, querida, pois quero apresentá-las às minhas amigas.”

E vou te contar: dinheiro nenhum paga a cara das duas quando viram a presepada. Foi lindo.

 Abaixo, outras fotos da mesma noite. Eu estava completando meus 43 anos de idade.

Ao meu lado, Maria Zélia. Atrás de mim, Ana Morena, preste a completar 12 anos.
Tetê Bezerra, Ademildo e Alessandra Stewart, que já tinha bebido todas.

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1963

No dia 14 de dezembro de 1963 eu completava 16 anos de idade.

Numa festinha, na casa do Alto Branco, vieram os meus colegas do colégio onde eu cursava, ou acabara de terminar o 1° cientifico.

Eu mesma costurei o tubinho branco, com gola batida, enfeitado por um laço azul marinho com “pois” vermelhos. O cabelo no estilo “coque de mechas”, alto, eriçado e duro de laquê.

Na foto, Pedro Quirino meu irmão (9 anos), Papai (junto de mim de perfil), Braulio (13 anos, por trás de mim), Mamãe, Neuma (minha prima), Tia Odiza com Inês no braço, Tia Nunum e Zé Agra, com quem ela tinha um namoro. Entre Pedro e Papai, quatro colegas de colégio, destacando-se Ney Suassuna de óculos escuros.

Foi um dia ótimo, festa tranquila, sem bebida alcoólica, coisa rara lá em casa…